Admirável mund o velho ou abominável
mundo novo.
Resumo: A obra de Huxley
“Admirável Mundo Novo” nos mostra os caminhos futuros da sociedade humana,
apesar de ser uma obra de ficção científica, onde a trivialização dos direitos
humanos delapida a dignidade humana na atualidade.
Palavras-chave: Direitos
Humanos. Futuro. Utopia. Sociologia. Filosofia. Literatura.
1. Introdução
Em
1932, Aldous Leonard Huxley[1] (1894-1963) lançou sua
obra intitulada “Admirável Mundo Novo” que propôs uma utopia futurista que vem
progressivamente se concretizando na contemporaneidade. Para os leitores e os
adeptos da ficção científica[2] o autor já traçava uma
perspectiva para humanidade que vivenciamos de forma atemporal e avassaladora.
A obra
não trata apenas de uma civilização massificante, mas de diversidade,
resiliência, liberdades e individualidade. Não importa o contexto onde vivemos,
mas há esperança para lutar por mudanças e aperfeiçoamentos. Não há como
admitir regras rígidas disciplinarem comportamentos. E nem adianta aprisionarem
os pensamentos, a criatividade, a imaginação e a nossa história.
Devido
a sua atemporalidade e pela instigante proposta de Huxley sua obra propõe uma
vigorosa interface entre filosofia e literatura e, principalmente por permitir
correspondências múltiplas, tanto temáticas como culturais. A trama central
narra a história de Bernard Marx que descobre que, para além do mundo que
conhecia havia uma ilha onde moravam pessoas que viviam no passado, ou seja,
dentro do próprio presente do protagonista[3].
Na
obra retrata-se que as crianças foram produzidas por um método que permite a
produção de gêmeos idênticos, a partir de um único óvulo. O que garantia a
massificação, onde todos são iguais e são hipnotizados e condicionados a se
conformarem com o tipo de vida para o qual estão destinados.
Cada
casta humana usava determinada e específica cor, sendo da seguinte maneira
disposta e separada, a saber: a classe mais alta (chamada de Alfa) , cor
cinza; a classe Beta, cor amora; classe Gama (cor verde); classe
Delta (cor cáqui) e Ípsilon (a classe mais baixa, na base, que usava
preto).
Em
verdade, tal hierarquia nos faz recordar de Michel Foucault em sua reflexão
sobre a cidade pestilenta e as duas possibilidades, a saber: a festa e a utopia
da cidade perfeita[4].
A
peste era representada pela mistura de poder e análise. Em torno da peste que
surgiu na ficção literária da festa, onde as leis são suspensas e o frenesi domina
o tempo todo e a tudo mistura literalmente tudo e todos, abandonam suas
identidades estatutárias[5].
O
sonho político da festa era o contrário da festa coletiva, mas a vigência das
divisões estritas e permitia a intromissão do regulamento até mesmo nas mais
finas tramas da existência humana, o que permite o funcionamento capilarizado
do poder.
Não há
as máscaras que se colocam e se retiram, mas a determinação a cada um de seu
verdadeiro nome e essência, no lugar de seu verdadeiro corpo e doença[6]. A peste na tradução da
imaginária desordem tem conceito correlato tanto no viés político como médico (corrupção
e patologia).
Os
conceitos de “pai” e “mãe” são meramente históricos. Relacionamentos emocionais
intensos ou prolongados são proibidos e considerados anormais. A promiscuidade
é moralmente obrigatória e a higiene, um valor supremo.
Não
existe paixão nem religião. Mas, Bernard Marx tem uma infelicidade doentia:
acalentando um desejo não natural por solidão, não vendo mais felicidade nos
prazeres infinitos da promiscuidade compulsória, Bernard quer se libertar. Numa
visita a um dos poucos remanescentes da Reserva Selvagem, onde a vida antiga,
imperfeita, subsiste, pode ser um caminho para curá-lo. Paradoxalmente
profético, “Admirável Mundo Novo” é uma das obras mais influentes do século XX.
O
terror do contágio redunda em revoltas e crimes dos mais diversos que vai da
mera vagabundagem até à deserção de pessoas que aparecem e desaparecem, com
naturalidade num pleno ciclo de desordem[7].
Segundo Huxley a cidade perfeita[8] só se concretizaria se houvesse uma sociedade estamental de caráter disciplinar para sustenta-la. O que certamente garantiria a permanência do status quo, e produziria, afinal tranquilidade duradoura.
O modus
vivendi do homem moderno contemporâneo fascinado com as descobertas
científicas e tecnológicas e seu constante questionamento, já revela a grande
preocupação quanto ao destino da humanidade.
2. Desenvolvimento
Presenciamos,
diuturnamente, pessoas hipnotizadas por seus celulares deixando de lado as três
atividades fundamentais, a saber: o labor, o trabalho e a ação. O homem se
identifica cada vez mais como animal laborans na medida que, consegue
com seu trabalho a provisão de sua sobrevivência e ressalta, ainda o processo
biológico, como algo que consumo seu metabolismo
Lembremos
que nos idos de 1930 representou um contundente escândalo negar Deus, família
quando o puritanismo e a organização social vigente na época. O autor escreveu
sua obra em 1931, logo após a crise de 1929, quando o nazismo e o stalinismo
estavam em plena ascensão e o estilo de vida norte-americano era o principal
modelo para o mundo.
E,
previu que no futuro existiria a ditadura sem o uso de violência, apenas com o
esvaziamento do indivíduo, promovido por alienação e a aceitação do absurdo e
um mar de condicionamentos. Seria, enfim, um admirável mundo sempre igual e
cada vez menos complexo, além de linear e absolutamente previsível.
Já com
o homo faber é aquele que constrói o mundo ao seu redor, dando vida e
criação às coisas artificiais que contrastam om a natureza ambiental e,
ultrapassam a finitude dos indivíduos em particular.
O
termo homo faber[9] designa o homem
enquanto agente da obra (work), enquanto obra é a atividade humana que
cria um mundo artificial de coisas, que permite ao homem estabelecer sua
moradia na Terra. O homo faber é o humano enquanto produtor de coisas,
fabricante de objetos existentes no mundo, daí a condição humana da obra ser a
mundanidade (worldliness). As coisas que o homo faber produz, em
sua mundanidade, são também mais ou menos duráveis; geram uma estabilidade e
solidez sem as quais seria impossível ao mundo abrigar a vida humana.
O homo
faber, nos informou Arendt, apresenta uma lógica de meios e fins. O produto
da obra é ao mesmo tempo fim (do processo de fabricação) e meio para produção
de outro fim. As construções de cercas que separavam as propriedades, de muros
ao redor das cidades e, mesmo de legislação para proteção dos cidadãos são, com
efeito, obra do homo faber. Daí pode-se afirmar também que o direito era
condicionado pela lei, que lhe conferia um mínimo de estabilidade.
A
ascensão do homo faber na política carrega em si a lógica das relações
meio/fim. O que acarreta a impossibilidade de se descobrir o valor intrínseco
de quaisquer coisas, porque elas se tornam sempre meios para outros fins que,
por sua vez, se convertem em outros meios, e assim sucessivamente.
A
referida lógica de consumo, da necessidade biológica, transforma o direito em
mero instrumento de planejamento e o saber jurídico em mera tecnologia
desprovida de qualquer sentido mais profundo; ou seja, o direito tem seu conteúdo
totalmente contingente, em uma radicalização do que já ocorria com a ascensão do
homo faber.
O
animal laborans[10]
converte o direito em um receptáculo vazio que pode receber qualquer conteúdo e
cuja validade depende somente de positivação. Em síntese, o próprio direito, ao
cabo, se torna um mero objeto de consumo, descartável quando não mais atender
ao reino da necessidade.
Destacou
Ferraz Júnior a trivialização dos direitos humanos, pois apesar de positivados
multiplicarmente em declarações e Constituições pelo mundo afora, não se torna
efetivo e eficaz pois, cada vez mais depende de outros conteúdos que lhe atribuam
significação jurídica. Pois, por si mesmos, são incapazes de fornecer as razões
para agir, dependendo invariavelmente de regras de interpretação, distinções
formais, ficções jurídicas que sirvam de meios, mas que lhes são alheias,
porém, acabam por se converter em objetivos da vida político-jurídica.
Nem os
direitos do homem escaparam de ser mais um dos objetos descartáveis de consumo
e cuja permanência, não pode mais se basear na natureza, no costume, na razão,
na moral e, passa então, a fulcrar-se apenas na uniformidade da própria vida
social, com sua notável capacidade de ser indiferente e indefectível.
Pode-se
afirmar que a lógica do animal laborans ao se tornar o humano que não é
mais do que mero animal que luta por sua sobrevivência, transforma os direitos
humanos em algo perecível e descartável, de forma que, todas as vezes que estes
colidirem por qualquer razão, estes em prol do consumo, serão desprestigiados.
Pois seu conteúdo se tornou enigmaticamente esvaziado e, portanto, admissível
em critérios próprios e customizados pelos animal laborans.
3. Conclusão
A
trivialização dos direitos humanos[11] na era contemporânea
significa que não conseguem atualmente estar num patamar de igualdade com
outros direitos garantidos, ainda que menos relevantes, em textos jurídicos e
legais nacionais. Há a possibilidade de
o país internalizar os direitos humanos em seu ordenamento, mesmo sem obter
eficácia, a depender de conteúdos, métodos e formas jurídicas.
O
mundo do homo faber é constituído de objetos criados por ele próprio
que, se de um lado apresenta o homem como o criador, por outro lado, há o homem
que faz dessa empreitada, a violação da natureza. A fabricação que com seus
objetos vem a destruir, poluir e aniquilar o meio ambiente[12].
O
mundo contemporâneo consagrou o labor e o trabalho como preciosos dentro da
dinâmica capitalista que se identifica com uma vida voltada para a
produtividade, onde o trabalho deve gerar cada vez mais lucros, ou seja, o homo
faber é explorado, tanto a força como a violência o banaliza.
O
trabalho não apenas consome o tempo do homem, mas o submete e o limita,
restringindo à sua subsistência, acarretando constante perda da capacidade de
pensar[13], refletir, agir e, até
mesmo, ter controle sobre os objetos que ele mesmo criou, fabricou.
Vejam
a biografia de Alberto Santos Dumont que sempre fora contrário ao uso militar
de seus inventos, incluindo os dirigíveis e aviões. E, foi acometido de grave
sentimento culpa após a Primeira Grande Guerra Mundial que vitimou mais de
vinte e cinco mil pilotos franceses, britânicos e alemães, além de expressivo
número de pessoas no solo.
Com a
saúde debilitada, não suportou presenciar em 1932 os aviões da tropa federal
atacando as tropas paulistas na Revolução de 1932[14], culminando com o seu
suicídio em 23 de julho do mesmo ano.
Hannah
Arendt[15] já identificava o homo
faber como criador do artifício humano, como sendo o habitual destruidor da
natureza. O grande perigo é o homem se tornar apenas o animal laborans e homo
faber, recordando que tais expressões já eram usadas na Antiguidade
Clássica para designar os escravos e atividades desqualificadas na medida em
que só é o homem aquele que tempo para pensar e refletir.
Acrescente-se,
ainda, que a elite vigente não precisa mais trabalhar para sobreviver, posto
que viva de aplicações no mercado financeiro. Em verdade, conclui-se que o modus
vivendi do homo faber implica em sérios prejuízos quanto à sustentabilidade
do planeta, com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, cujos resultados
são imprevisíveis, principalmente por causa da perda da capacidade de reflexão
crítica[16].
No
mundo de Huxley apesar de as classes superiores receberem maior quantidade de
oxigênio (considerada suficiente) para desenvolver sua inteligência.
Atualmente, fisiologicamente, acontece em nosso presente, onde privamos de
educação e cultura as classes menos favorecidas.
Pierre
Bourdieu[17]
em seus “Escritos de educação” (1998) relatou sobre a educação onde apontou que
a falta de oxigênio se dá pelos mecanismos de reprodução que acontece na
escola, pois o que se observa são os crescentes mecanismos de eliminação: a
acessibilidade rigor da desigualdade sobre os sujeitos das diferentes classes
sociais.
Pierre
Bourdieu produziu a partir de 1960 e durante quase quarenta e cinco anos, um
conjunto de análises no âmbito da sociologia da educação e da cultura que
influenciou decisivamente algumas gerações de intelectuais, obtendo o reconhecimento
de pesquisadores, estudantes e ativistas que atuam em várias outras esferas da
sociedade.
O
filósofo questionou as sociedades de classes, temática que ainda persegue
muitos dos atuais intelectuais, questionando como e o por que pequenos grupos
de indivíduos conseguem se apoderar dos meios de dominação, permitindo nomear e
representar a realidade, construindo categorias, classificações e visões de
mundo às quais todos os outros são obrigados a se referir. Compreender o mundo,
para o filósofo, converte-se em poderoso instrumento de libertação, é esse
procedimento que ele realiza, dentro outros, domínios, no educacional.
Lembremos
que a cultura vem a ser um sistema de significações hierarquizadas, tornando-se
um móvel de lutas entre grupos distintivos entre classes sociais. A dominação
cultural se expressa na fórmula segundo a qual a cada posição na hierarquia
social corresponde uma cultura específica (elitista, média, de massa),
caracterizadas respectivamente pela distinção, pela pretensão e pela privação.
Definida
por gostos e formas de apreciação estética, a cultura é central no processo de
dominação; é a imposição da cultura dominante como sendo “a cultura” que faz
com que as classes dominadas atribuam sua situação subalterna à sua suposta
deficiência cultural, e não à imposição pura e simples.
O
sistema de ensino desempenha papel de destaque na reprodução dessa relação de
dominação cultural, funcionando como chancela de diferenças culturais e
linguísticas já oferecidas, antes da escolarização, no quadro da socialização
primeira, que é necessariamente diferencial, segundo a inscrição das famílias
nas diferentes classes sociais.
Bourdieu
construirá sua trajetória analítica no domínio da sociologia da educação
procurando opor-se a um idealismo como o preconizado por Alain (Emile Chartier[18]) em que a reflexão é
destituída de qualquer fundamento histórico, como na velha tradição francesa.
Em
artigo de 1966, “A escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à
cultura”, rompe com as explicações fundadas em aptidões naturais e individuais
e critica o mito do “dom”, desvendando as condições sociais e culturais que
permitiriam o desenvolvimento desse mito.
Bourdieu
constrói seu esquema analítico relativo ao sistema escolar e às relações não
explícitas que o ancoram em uma longa trajetória que envolve análises empíricas
objetivas, centradas em estatísticas da situação escolar francesa. Já em 1964,
em Les étudiants et leurs études (Os estudantes e seus estudos) e Les
héritiers. Les étudiants et la culture (Os herdeiros).
Os
estudantes e a cultura), escritos com Jean-Claude Passeron[19], examina como os
estudantes se relacionam com a estrutura do sistema escolar e como são nele
representados, e constata a desigual representação das diferentes classes
sociais no sistema superior. Investiga a cultura “legítima”, aquela das classes
privilegiadas que é validada nos exames escolares e nos diplomas outorgados, e
o ensino, aquele que autentica um corpo de conhecimentos, de saber-fazer e, sobretudo,
de saber dizer, que constitui o patrimônio das classes cultivadas.
Ao
afirmar que o sistema escolar institui fronteiras sociais análogas àquelas que
separavam a grande nobreza da pequena nobreza, e esta dos simples plebeus, ao
instaurar uma ruptura entre os alunos das grandes escolas e os das faculdades
(ao analisar o campo universitário
francês e o papel das Grandes Écoles), Bourdieu desvela a crueza da
desigualdade social e, ao mesmo tempo, como ela é simulada no sistema escolar e
entranhada nas estruturas cognitivas dos participantes desse universo –
professores, alunos, dirigentes. (In: HEY, Ana Paula; CATANI,
Afrânio Mendes. Bourdieu e a educação. Disponível em:
https://revistacult.uol.com.br/home/bourdieu-e-a-educacao/ Acesso em 22.01.2020).
O
sistema escolar segundo a ideologia na escola libertadora, quando, ao
contrário, tudo tende a mostrar que ele é um dos fatores mais eficazes de
conservação social, posto que forneça a aparência de ilegitimidade às
desigualdades sociais e sanciona a herança cultural e o dom social tratado como
dom natural.
Huxley
ainda estabelece o limite para o avanço das ciências para a manutenção da
estabilidade dessa almejada sociedade perfeita. Paradoxalmente, a Ciência que
teoricamente deveria servir para aliviar a dor e o sofrimento humano, foi
submetida à razão instrumental.
Lembremos que tudo é produzido para servir ao sistema de manutenção do status quo. Aliás diversos filósofos e sociólogos já nos alertaram sobre o mito da neutralidade científica.
Previu o admirável Huxley uma vida linear, confiável, sem dor e nem ansiedade, traduzindo uma vivência sem emoção, quando perdemos a lição dos gregos que informava que a dor faz parte da vida e, que a noção de felicidade associada apenas ao que é útil e confortável, é vazia e angustiante.
Referências:
ARENDT,
Hannah. A condição humana. São Paulo: Forense, 2005.
BATISTA,
Angelina. A violência: ensaio acerca do "homo violens"
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32831999000200022
Acesso em 22.01.2020).
CILENTO,
Angela Zamora. 4 Pontos Cardeais em Admirável Mundo Novo, de Huxley. In:
Revista Filosofia, Ciência e vida. Edição 156. Editora Escala.
DE
SOUZA, Vinícius Silva. O homo faber segundo Hannah Arendt. Disponível
em:https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/14051/1/2013_ViniciusSilvaSouza.pdf
Acesso em 22.01.2020).
FERRAZ
JÚNIOR, Tércio Sampaio. A trivialização dos direitos humanos. Novos Estudos
Cebrap, São Paulo, n. 28.
FOUCAULT,
Michel. Vigiar e Punir. Petrópolis: Vozes, 1989.
HEY,
Ana Paula; CATANI, Afrânio Mendes. Bourdieu e a educação. Disponível em:
https://revistacult.uol.com.br/home/bourdieu-e-a-educacao/ Acesso em 22.01.2020).
HUXLEY,
A. Admirável Mundo Novo. Rio de Janeiro: Record, 1993.
[1]
Foi um escritor inglês e um dos mais proeminentes membros da família Huxley.
Passou parte de sua vida nos Estados Unidos e viveu em Los Angeles de 1937 até
a sua morte em 1963. Ficou mais conhecido pelos seus romances, como Admirável
Mundo Novo e diversos ensaios, também editou a revista Oxford Poetry e
publicou contos, poesias, literatura de viagem e guias de filmes. Passou, a
derradeira parte de sua vida nos EUA, foi nomeado para o Prêmio Nobel de
Literatura sete vezes e fora eleito Companheiro de Literatura pela Royal
Society of Literature em 1962. Era humanista e pacifista e cresceu
particularmente interessado no misticismo filosófico e universalismo, abordando
esses temas como a Filosofia Perene (1945) que ilustra semelhanças entre
misticismo ocidental e oriental e As Portas da Percepção (1954) que interpreta
sua própria experiência psicodélica como mescalina e seu derradeiro romance Island
apresentou sua visão de distopia e utopia, respectivamente. Em 9 de abril de
1962, Huxley foi informado de que ele havia ganho o título de "Companion
of Literature" pela Royal Society of Literature.
[2]
Ficção científica é gênero da ficção especulativa e normalmente lida com
conceitos ficcionais e imaginativos, relacionados ao futuro, ciência e
tecnologia e seus impactos numa determinada sociedade ou em seus indivíduos,
desenvolvido no século XIX. É também conhecida como a "literatura das
ideias", aliás, evita-se usar o termo sobrenatural, que é tema mais
recorrente na fantasia, baseando-se em fatos científicos e reais para compor
enredos ficcionais. A ação pode girar em torno de um grande leque de
possibilidades como: viagem espacial, viagem no tempo, viagem mais célere que a
luz, universos paralelos, mudanças climáticas, totalitarismo e/ou vida
extraterrestre. Uma boa parte da ficção científica se baseia no conceito da
suspensão de descrença, que possibilita ao leitor em acreditar nas explicações,
soluções e postulados ficcionais baseados em ciência que estão em uma
determinada obra.
[3]
Logo nos primórdios da obra, Huxley nos dá um banho de água gelada ao tratar
como normal o novo sistema de produção de pessoas. Sim, produção, pois os
indivíduos eram pré-determinados biologicamente e psicologicamente
condicionados a adotarem um padrão de vida e perspectiva de vida que entre em
conformidade com as leis e normas sociais da época. Aliás, o amor e a monogamia
foram terminantemente proibidos, pois levaria os indivíduos a experimentarem
sentimentos violentos, e pessoas nesse status facilmente cairiam em
instabilidade e ameaçariam o bem-estar social. Dessa forma, vige o mantra: cada
um pertence a todos, evidenciando que a sexualidade é liberada a ponto de o
padrão normal ser uma mulher dormir com vários homens e nunca se apegar a
apenas um, posto que seria indecoroso.
[4]
Quando o indivíduo conseguisse fugir a todo esse ferrenho controle social,
existia o Soma. Uma droga alucinógena que une, conforme dito por um dos
personagens, todas as qualidades do cristianismo e do álcool, mas sem seus
prejuízos. Bastava meio grama de Soma para que o indivíduo entrasse num torpor
maravilhoso onde todos os pensamentos malévolos jamais podem alcançá-lo. O
sobrenome de Bernardo não é por acaso, pois nos remete ao Karl Marx, o
economista e teórico muito insatisfeito com a ordem social vigente de seu tempo.
É interessante a abordagem a hipnopedia que é a ciência de condicionar
pensamentos, às crianças durantes o sono e, sua desilusão com o mundo onde
vive.
[5]
De forma fictícia, o autor expõe um futuro que é consequência das ações e
comportamentos do homem já na década de 30. A manipulação da verdade, o
condicionamento das pessoas e o uso da “soma”, droga utilizada pelos
personagens, são características comportamentais do livro que se assemelham
algumas do mundo de hoje.
[6]
Com a chegada de John, o Selvagem, à civilização de Admirável Mundo
Novo, que o livro torna a despontar pois novamente o mundo posiciona lado a
lado, o novo e o velho e, todas as suas discrepâncias. O Selvagem passa a ser o
elo que nos relaciona à sociedade distópica idealizada por Huxley, pois ele é o
filho de dois mundos, passando a ser um homem pré-histórico vivendo num mundo
moderno. Mais ou menos como pessoas da minha faixa etária, se sente, na
contemporaneidade (desculpem-me o desabafo).
[7]
A distopia se traduz em ser um lugar, deu origem a velha conhecida das aulas de
geografia, a topografia, que significa literalmente a descrição de um lugar.
Também resultou em utopia. O "u" serve como partícula negativa.
Assim, a utopia, portanto, é o não lugar, isto é, um lugar que já começa a não
existir em sua própria etimologia. O termo distopia surgiu com o pensador John
Stuart Mill, em 1868, que sentiu necessidade de uma palavra que explicasse bem
o suficiente a inversão dos valores utópicos de Thomas Morus na era industrial.
Porém, o pioneiro no uso do vocábulo veio mais cedo, com o escritor
anglo-irlandês Jonathan Swift, com a sua obra "Viagens de Gulliver".
[8]
Trata-se de um mundo horrivelmente perfeito, onde a sociedade humana decide ser
totalmente eugenista, produtivista e voltada para a sexualidade da máxima
procriação. Aliás, a visão alucinada da humanidade desumanizada que segue
atenta o condicionamento pavloviano e pelo prazer ao alcance do Soma (a
pílula). Afinal tal situação é perceptível atualmente em alguns países,
especialmente Europa, em que os efeitos da crise de 2008 provocou a ascensão de
partidos extremistas de direita, além de xenófobos e racistas. Frisou Huxley a
rigidez do controle social onde não há espaços ao acaso, onde todos seguem e
são formados a partir do mesmo molde, as pessoas clonadas e produzidas em
série, com farta garantia de conforto e prazer.
[9] A
palavra latina faber, que provavelmente se relaciona com facere
(fazer alguma coisa, no sentido de produção), designava originariamente o
fabricante e artista que operava sobre materiais duros, como pedra ou madeira;
era também usada como tradução do grego tekton, que tem a mesma
conotação. A palavra fabri, muitas vezes seguida de tignarii,
designava especialmente operários de construção e carpinteiros (ARENDT).
[10]
Arendt, aliás, procurou distinguir claramente os termos fabricação e trabalho.
Apesar de que atualmente são usados como sinônimos, e não haja definição nítida
entre tais conceitos, porque tanto um operário como um trabalhador rural,
fabricam seus produtos com o uso de sua força de trabalho. Porém, Arendt quer
uma diferenciação evidente dessas atividades, e, para tanto busca o significado
etimológico desses vocábulos. Portanto, para Arendt, a língua grega dos antigos
colocava essas atividades em lados opostos, deste modo, segundo a pensadora,
“ponein e ergazesthai”, no latim “laborare e facere”,
determinavam diferentes tarefas, um referente ao espaço da sobrevivência e a outra
vinculada à produção de artefatos. O idioma alemão também possuía uma distinção
evidente entre esses dois termos como reforça a pensadora. Enquanto “Arbeit
“é aplicado ao trabalho agrícola, a palavra “Werk” designa o produto do
artesão. O trabalho, por ser um esforço para manter a vida, não possui
durabilidade. Ele é como um processo metabólico preso à estrutura biológica do
corpo e as suas carências. Um animal ainda é carente das necessidades básicas,
dos desejos corporais, da alimentação, da procriação e de outros relacionados
diretamente a sua sobrevivência. O que é
bem diferente do comportamento do fabricador na obra. No entanto as ferramentas
produzidas pelo homo faber servem de auxílio para suprir as carências desse
indivíduo do labor. A atividade do homo faber difere do trabalho cotidiano para
manter o processo da vida orgânica. A
fabricação produz artefatos que sobrevivem tanto ao seu fabricante como também
ao consumo do dia a dia.
[11]
“Admirável Mundo Novo”, que é fundamentalmente um manifesto humanista, alguns
viram também, com razão, uma crítica ácida à sociedade stalinista, à utopia
soviética construída com mão de ferro. Mas também há, claramente, uma sátira à
nova sociedade mecanizada, padronizada, automatizada que se criva à época nos
Estados Unidos, em nome da modernidade técnica. Confirmando as teses de Huxley,
Vance Packar publicou “The Hidden Persuaders (na edição brasileira,
“Nova Técnica de Convencer”), em meados da década de 1950 e Ernest Dichter e
Louis Cheskin denunciaram que as agências de publicidade tentavam manipular o
inconsciente dos consumidores. Sobretudo mediante o uso de “publicidade
subliminar”, nos meios de comunicação de massas. Em 30 de outubro de 1962,
executou-se um teste que demonstrava a eficácia da publicidade subliminar.:
durante a exibição de um filme, lançavam-se mensagens “invisíveis” sobre certos
produtos, em intervalos regulares. As vendas de tais produtos aumentaram.
[12]
Ao longo de sua trajetória histórico-evolutiva o homem tem sido classificado
como homo sapiens, faber, laborans, ludens, politicus, religiosus e
oeconomicus etc... E de acordo com essas definições há o homo violens,
porque considera a violência característica primordial, essencial, constitutiva
do ser do homem. Vai além da concepção eruptiva da violência como algo
explosivo e repentino, além de imprevisível. Existe, sem dúvida, a função
estruturante da violência, pois, não há qualquer aspecto da realidade humana
que não esteja à ele associado. Ninguém se banha duas vezes no mesmo rio, já
afirmava Heráclito. E a passagem do tempo é irrevogável, irreversível além de
irreparável. O tempo, em si, é uma violência. Cabe a filosofia política
questionar sobre o fenômeno da violência para então definir os sistemas de
valores (justiça, liberdade, autonomia e direitos humanos), a fim de garantir
as condições de equilíbrio social de modo a manter a sociedade aquém do limite
que marca o abandono ao sistema totalitário.
(In: BATISTA, Angelina. A violência: ensaio acerca do "homo
violens" Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32831999000200022
Acesso em 22.01.2020).
[13]
Aliás, o capitalismo criativo corresponde ao termo popularizado pelo fundador
da Microsoft, Bill Gates, no Fórum Econômico Social de 2008, na cidade de Davos
na Suíça. A referida ideologia busca desenhar nova forma de capitalismo que
labora para gerar maiores benefícios a fim de resolver as iniquidades e
disparidades de rendas mundiais, utilizando as forças de mercado para melhorar
a qualidade de vida dos menos favorecidos. A ideia do capitalismo criativo de
Gates combina os "dois grandes focos da natureza humana - interesse
próprio e cuidado com os demais," conforme ele postulou.
[14]
A revolução constitucionalista de 1932 igualmente conhecida como Revolução de
1932 ou Guerra Paulista foi movimento armado ocorrido nos Estados de São Paulo,
Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, entre julho e outubro de 1932, que
tinha por objetivo derrubar o governo provisório de Getúlio Vargas e convocar a
Assembleia Nacional Constituinte. O golpe de Estado decorrente da Revolução de
1930, derrubou o então Presidente da República, Washington Luís, além de
impedir a posse de seu sucessor eleito, nas eleições de 1930, Júlio Prestes,
além de depor a maioria dos Presidentes Estaduais (atualmente se denominam
governadores). Fechou o Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas estaduais
e as Câmaras de Vereadores e, por fim, veio a cassar a Constituição Brasileira
de 1891, até então vigente. Getúlio Vargas que era o candidato derrotado nas
eleições presidenciais de 1930 e um dos líderes do movimento revolucionário e
assumiu a presidência do governo provisório nacional em novembro de 1930,
dotado com amplos poderes e colocando fim na política café com leite (da
República Velha) quando São Paulo e Minas Gerais se alternavam na Presidência
da República, impedindo que o principal cargo do Poder Executivo fosse ocupado
por representante de outros Estados economicamente relevantes à época, tal como
Rio Grande do Sul e Pernambuco. O levante armado começou de fato em 9 de julho
de 1932, precipitado pela revolta popular após a morte de quatro jovens por
tropas getulistas, em 23 de maio de 1932, durante um protesto contra o Governo
Federal. Após a morte desses jovens, foi organizado um movimento clandestino denominado
MMDC (iniciais dos nomes dos quatro jovens mortos: Martins, Miragaia, Dráusio e
Camargo), que começou a conspirar contra o governo provisório de Vargas,
articulando junto com outros movimentos políticos uma revolta substancial.
Houve também uma quinta vítima, Orlando de Oliveira Alvarenga, que também foi
baleado naquele dia no mesmo local, mas morreu meses depois. Nos meses
precedentes ao movimento, o ressentimento contra o presidente ganhava força
indicando uma possível revolta armada e o governo provisório passou a especular
a hipótese de o objetivo dos revoltosos ser a secessão de São Paulo do Brasil.
No entanto, o argumento separatista jamais foi comprovado fidedigno, porém,
ainda assim, esse argumento foi
utilizado na propaganda do governo provisório ao longo do conflito para
instigar a opinião pública do restante do país contra os paulistas, obter voluntários na ofensiva contra as tropas
constitucionalistas e ganhar aliados políticos nos demais estados contra o
movimento de São Paulo. Atualmente, o dia 9 de julho, que marca o início da
Revolução de 1932, é a data cívica mais importante do estado de São Paulo e
feriado estadual. Os paulistas
consideram a Revolução Constitucionalista como sendo o maior movimento cívico
de sua história. A lei 12.430, de 20 de junho de 2011, inscreveu os nomes de
Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo heróis paulistas da Revolução
Constitucionalista de 1932, no Livro dos Heróis da Pátria. No total, foram 87 dias de combates (de 9 de
julho a 4 de outubro de 1932 - sendo os últimos dois dias depois da rendição
paulista), com um saldo oficial de 934 mortos, embora estimativas, não
oficiais, reportem até 2.200 mortos, sendo que numerosas cidades do interior do
estado de São Paulo sofreram danos devido
aos combates.
[15]
Hannah Arendt nomeia a atividade humana de produzir objetos como uma atividade
decorrente da fabricação. O fabricante dessa instrumentalidade é referido pela
autora como homo faber, o qual é caracterizado pela a fabricação manual de
artefatos. De acordo com Arendt, a fabricação dá ao homem sua primeira
identificação humana e também serve como distinção das outras atividades
humanas. O homo faber, produz o mundo através de seu trabalho. Hoje em
dia, a produção desse produtor de artefatos é mais evidente nos utensílios
eletrônicos. Os objetos refletem a produção atual do homo faber, que
mantém a sua identidade através da produção de objetos no mundo. No entanto, o
método de fabricar, de produzir artefatos permanece o mesmo ou não? É ainda possível indicar a presença do homo
faber arendtiano nos atuais processos de fabricação? (In: DE SOUZA, Vinícius
Silva. O homo faber segundo Hannah Arendt. Disponível em:
https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/14051/1/2013_ViniciusSilvaSouza.pdf
Acesso em 22.01.2020).
[16]
O homem, portanto, sempre necessitou de objetos que facilitam seu cotidiano, e
são esses artefatos que irão dizer e construir sua história. Vasos, colheres, esculturas e outros objetos
encontrados por arqueólogos em civilizações passadas, são expostos em museus e
nos contam algo sobre o comportamento dessas antigas comunidades com o mundo e
a natureza. Deste modo, são esses artefatos que possibilitam dizer como era a
vida dos antepassados humanos. Os
objetos da fabricação atual dizem e constroem o mundo segundo a pensadora. No
entanto, com a invasão do reino das necessidades nas relações humanas tudo se
tornou produtos de consumo. Deste modo, a estabilidade não só do planeta como
da própria humanidade se tornou uma incógnita.
A existência ou não das próximas gerações é hoje um tema recorrente em
qualquer espaço de discussão, ultrapassando os muros acadêmicos e se
introduzindo em ambientes como a cozinha de casa, o bar da esquina e os espaços
políticos. Hans Jonas, contemporâneo e grande amigo de Hannah Arendt,
desenvolveu este tema sobre o compromisso do ser humano com as próximas gerações
no livro “O princípio responsabilidade”, uma de suas principais obras.
[17]
Pierre Félix Bourdieu (1930-2002) foi sociólogo francês. De origem campesina,
filósofo de formação acadêmica, foi docente da École de Sociologie du
Collège de France. Desenvolveu, ao longo de sua vida, diversos trabalhos
abordando a questão da dominação e é um dos autores mais lidos, em todo o
mundo, nos campos da antropologia e sociologia, cuja contribuição alcança as
mais variadas áreas do conhecimento humano,
discutindo em sua obra temas como educação, cultura, literatura, arte, mídia,
linguística e política. Também escreveu muito sobre a sociologia da Sociologia.
A sociedade cabila, na Argélia, foi o palco de suas primeiras pesquisas. Seu
primeiro livro, Sociologia da Argélia (1958), discute a organização social da
sociedade cabila, e em particular, como o sistema colonial interferiu na
sociedade cabila, em suas estruturas e desculturação. Dirigiu, por muitos anos,
a revista Actes de la recherche en sciences sociales e presidiu o CISIA
(Comitê Internacional de Apoio aos Intelectuais Argelinos), sempre se
posicionado claramente contra o liberalismo e a globalização.
[18]
Émile-Auguste Chartier (1868-1951) cujo pseudônimo literário era Alain, foi
jornalista, ensaísta e filósofo francês. Utilizou outros pseudônimos, entre
1893 e 1914, tais como Criton, Quart d'oeil ou ainda Philibert, para
assinar suas crônicas publicadas em Le Dépêche de Lorient (1903) e La
Dépêche de Rouen et de Normandie, bem como seus panfletos, em La
Démocratie rouennaise. Sua obra não tem caráter sistemático, mas procura
sobretudo despertar a reflexão. A partir de 1906 escreve artigos curtos,
inspirados na atualidade e nos fatos da vida quotidiana, no estilo conciso que
o caracteriza (as chamadas Propos), que abordam quase todas as áreas.
Essa forma apreciada pelo grande público, o que, entretanto, provocou, fez com
que alguns críticos se desinteressassem de um estudo mais aprofundado de sua
obra filosófica. Suas principais influências foram Platão, Descartes, Kant e
Auguste Comte — mas ele se dizia, antes de tudo, um discípulo de Jules Lagneau
(1851 - 1894), seu primeiro professor de filosofia. Em 1936, já sofrendo de crises de reumatismo
que o imobilizam, sofre um ataque cerebral que o condena à cadeira de rodas.
Intransigente defensor da liberdade de pensamento e do indivíduo, Chartier
recebeu, em 1951, o Grand Prix national des lettres. Pouco tempo depois,
faleceu em Le Vésinet, na região de Paris. Foi enterrado no cemitério do
Père-Lachaise, na capital francesa.
[19]
Foi professor de Sociologia da École des hautes études en sciences sociales.
Escreveu em parceria com Pierre Bourdieu a obra La reproduction,
publicada em 1970 e “Os Herdeiros”, também juntamente com Bourdieu. Análises
desenvolvidas por Pierre Bourdieu sobre o tema da escola e das desigualdades
sociais. Para os autores, a publicação de “Os Herdeiros”, em 1964, por Pierre
Bourdieu e Jean-Claude Passeron, transformou a educação - na França - tanto em
um objeto científico quanto em um problema social. Ao questionarem valores
caros ao sistema escolar francês, tais como os de liberdade, igualdade e
fraternidade, herança de seu protagonismo na fundação da Terceira República,
Bourdieu e Passeron reclamaram o estudo
da escola para além de suas representações espontâneas e ideológicas. Segundo
Baudelot e Establet, o conjunto teórico elaborado por Bourdieu, desde “Os
Herdeiros”, também afinado em análises posteriores sobre a temática da
educação, ganha força analítica nos dias atuais, ainda que tenham se passado
quarenta anos de profundas mudanças nos sistemas de organização e ensino
escolares daquele país. análises desenvolvidas por Pierre Bourdieu sobre o tema
da escola e das desigualdades sociais. Para os autores, a publicação de
"Os Herdeiros", em 1964, por Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron,
transformou a educação - na França -
tanto em um objeto científico quanto em um problema social. Ao
questionarem valores caros ao sistema escolar francês, tais como os de liberdade, igualdade e fraternidade,
herança de seu protagonismo na fundação da Terceira República, Bourdieu e
Passeron reclamaram o estudo da escola
para além de suas representações espontâneas e ideológicas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Dê sua opinião. Sua mensagem é muito importante!