O uso de tecnologias no ensino brasileiro precisa
urgentemente vencer barreiras de infraestrutura nas escolas, e, ainda a
baixíssima velocidade de internet,
além naturalmente de propor contínua capacitação dos professores.
A
priori temos um cenário positivo pois se registra que noventa e
dois por cento das escolas brasileiras possuem computadores com acesso à internet.
Porém, toda essa positividade inicial não resiste a uma
análise mais detida, posto que o número de computadores nas escolas seja
insuficiente e, muitas vezes, estão instalados em locais inadequados ou mesmo
impróprios para a utilização pedagógica e a lerda conexão da internet brasileira[1] vem só intensificar as
dificuldades para se obter um uso eficaz e realmente útil.
Ao lado desse cenário há a grave falta de capacitação dos
docentes para que possam usar as Tecnologias de Informação e da Comunicação
(TICs) no ensino.
O panorama retratado pela pesquisa TIC Educação em 2012
realizada pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR do Centro de
Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação – CETIC.br, que
entrevistou 1,5 mil professores de 856 (oitocentas e cinquenta e seis) escolas
de todo o país.
E, se a maioria das escolas possui o computador, o número
das que têm o equipamento disponível para a utilização pedagógica cai
drasticamente.
E, de acordo com o Censo Escolar de 2012 somente 42,4%
das escolas públicas urbanas e apenas 78% das escolas rurais não possuem
laboratórios de informática.
Além disso, as políticas públicas que levaram tecnologia
às escolas tiveram um sucesso relativo, principalmente em razão da baixa
velocidade de conexão de internet[2].
A pesquisa demonstrou que apenas 17% das escolas possuem
uma conexão superior a 8 Mb/s(megabytes
por segundo). E, em média nas escolas públicas a conexão à internet fica entre 1 a 2 Mb/s(megabytes
por segundo). E, na zonara rural a dificuldade de conexão se agrava
severamente, pois só 13% das escolas públicas possuem acesso à internet, de acordo com o Censo Escolar
de 2012.
E enfrentar o grande busilis
da falta de capacitação de docentes é indispensável, pois a mesma pesquisa
apontou que somente 28% dos professores estão habilitados para uso profissional
de computadores e internet. E, nas
demais tecnologias digitais[3] o percentual é inferior.
Nos cursos superiores de pedagogia e licenciaturas o uso
das novas tecnologias no ensino ainda é pouquíssimo abordado, e o principal
óbice reside no fato de os professores alegarem falta de tempo e, o grande medo
de conhecerem menos da ferramenta que os alunos[4].
Para Lígia Leite,
vice-presidente da Associação Brasileira de Tecnologia Educacional (ABT) e
autora do livro “Com Giz e Laptop” da
concepção à integração de políticas públicas de Informática, os professores
devem conhecer as tecnologias disponíveis e, também possuir uma sólida formação
pedagógica para saber unir o conteúdo, a técnica e a didática[5].
E, ainda, frisou que deve ser contínua a referida
capacitação docente, pois sempre surgirá uma tecnologia nova, um novo recurso.
Esclareceu que devem ser realizados cursos rápidos para
que os docentes[6]
se habilitem a usar certa ferramenta. Igualmente é necessário haver uma crítica
utilização dessa ferramenta reafirmando seu caráter pedagógico e motivacional
na construção do pensamento reflexivo.
A ausência do uso das TICs no Projeto Político-Pedagógico
(PPP) das escolas vem a comprometer o trabalho a ser feito pelo professor. E,
em alguns casos, os professores até receberam tablets, porém não sabem como
usá-los, usando apenas para jogos e diversão se qualquer conexão com a
aprendizagem.
De sorte que é forçoso integrar as TICs ao projeto pedagógico das escolas e encarar essa proposta desafiadora.
A carga horária de aulas pesada dos docentes acaba por
reduzir em muito o tempo que seria curial para a capacitação para o uso da
tecnologia. Principalmente por abarca nova dinâmica na didática[7] que se torna pertinente e
eficaz no processo de aprendizagem.
A solução parece ser aproveitar os horários em que os
docentes estão para realizar cursos, como os horários de trabalho pedagógico
coletivo (HTPC) ou o período de férias dos estudantes.
A segurança no ciberespaço o perigo do ciberbullying e as oportunidades trazidas pelas redes sociais[8] também são discutidos. É verdade que o Poder Público brasileiro através do Ministério da Educação propôs vários projetos como o Proinfo – o Programa Nacional de Tecnologia Educacional que leva computadores e tecnologias digitais e conteúdos educacionais às escolas, e um projeto “Um computador por Aluno” (UCA) que distribuiu netbook para os estudantes, e mais recentemente, a distribuição de tablets para os docentes de ensino médio.
E, para promover o acesso à internet há ainda, o Programa
de Banda Larga nas Escolas (PBLE)[9] e outras ações como o
Programa de Formação Continuada, mas sua oferta e quantidade são notoriamente
insuficientes.
O Ministério da Educação finalmente viu a necessidade de
as escolas estarem conectadas e de as tecnologias pedagógicas deverem ser
disseminadas na rede pública de ensino e, também, naturalmente na rede privada.
Mas, ainda falta investimento expressivo para aumentar a
infraestrutura e o suporte técnico. É de se lembrar de que há ainda o problema
de manutenção a perecer, ou ocorrer qualquer problema como o provedor ou
servidor, não há quem se responsabilize diretamente pela manutenção.
O principal ponto dos programas desenvolvidos pelo
Ministério da Educação no Brasil é a produção de objeto de aprendizagem
oferecida em diversas áreas e acessível a todos os interessados.
Enfim, trata-se de uma semente lançada, porém isto não
basta e nem é o suficiente, é o caso do banco de objetos educacionais que pode
ser acessado pelo site http://objetoseducacionais2.mec.gov.br
Há doze tendências tecnológicas relevantes na educação a
saber:
1) MOOCs
(Massive Online Open Courses) cursos
em massa livre online são cursos que oferecidos por instituições renomadas e de
forma gratuita. Geralmente são ministrados por palestras e aulas gravadas sobre
temas específicos, mas também oferece a oportunidade de debate entre os
discentes e com o docente sobre o que fora efetivamente aprendido;
Exemplos de MOOCs conhecidos são: o
Coursera que reúne sessenta e duas universidades e entre estas, Stanford,
Princeton, Columbia, Yale, Michigan e Pensilvânia.
Existe o projeto Coursera Brasil, em parceria com a Fundação Lemann que traduz o
conteúdo das aulas para a língua portuguesa com a ajuda de voluntários.
Atualmente os idiomas dos cursos são inglês, espanhol, francês, árabe, alemão,
italiano e português.
A Udacity
oferece cursos online gratuitos na área de Tecnologia e Ciências. Não define
data para inscrição para cada módulo e, permite qua o aluno escolha quando
deseja iniciar e concluir os cursos. É no idioma inglês.
Oferece certificado gratuitamente. E, o
acesso é gratuito ao conteúdo. O site é http://www.udacity.com;
O OpenUped
com apoio da Comissão Europeia, a plataforma é formada por onze países, entre
estes, França, Itália, Portugal, Espanha e Reino Unido. A iniciativa é liderada
pela Associação Europeia de Universidades de Ensino a Distância (EADTU).
Oferece disciplinas de Psicologia, Ciências,
Tecnologia e Economia. Há também cursos no idioma português de Portugal. Tem certificado, porém cobra para validá-lo
como crédito acadêmico.
Miríada X
propõe cursos abertos de dezoito universidades ibero-americanas da rede
Universia, como a Rei Juan Carlos e as Politécnicas de Valência e de Madri.
Há
cursos nas áreas de Astronomia, Direito, Linguística e Economia, entre outros.
Todos com data de início e de conclusão. O idioma é o espanhol, mas há
interesse da Universia em traduzir conteúdo para o português. Oferece
certificado gratuito. Dá acesso gratuito ao conteúdo.
UniMooc é a
Universidade de Alicante e o instituto de Economia Internacional criaram um
MOOC dedicado ao Empreendimento em Economia Digital.
O
curso já conta com mais de vinte mil inscritos. O aluno aprende, por exemplo,
como montar starups e a empreender. É
possível se inscrever em qualquer época. É no idioma espanhol. Vide o site: http://unimooc.com
NovoEd é plataforma criada
pela Universidade de Stanford. Todos os cursos são gratuitos e montados de
forma colaborativa com internautas: um aluno corrige a tarefa do outro, por
exemplo.
O
site igualmente oferece algumas disciplinas exclusivas para os cursos de Stanford,
nas quais os professores mesclam atividades presenciais e online.
É no
idioma inglês e oferece acesso gratuito ao conteúdo Oferece gratuitamente os
certificados. Vide o site: http://www.novoed.com
No
Brasil algumas Moocs são: www.veduca.com.br/browse/certified, www.redu.com.br/moocs/preview, http://www.eaulas.usp.br , www.unesp.br/unespaberta ,
Também
a Fundação Getúlio Vargas, oferece cursos online
gratuitos vide o site: http://www5.fgv.br/fgvonline/Cursos/Gratuitos/;
2- B-learning ou blended learning (traduzindo: aprendizado misturado) que significa
a melhor maneira de dar aulas e utilizando os recursos tecnológicos dentro da
sala de aula presencialmente. Os seus adeptos acreditam que é necessário o
contato próximo para o aprendizado realmente eficaz;
Pode ser estruturado com atividades síncronas, ou
assíncronas, da mesma forma que o e-learning,
ou seja, em situações onde professores e alunos trabalham juntos num horário
pré-definido, ou não, com cada um a cumprir suas tarefas em horários flexíveis;
3- Salas virtuais que são espaços em que os alunos online
podem discutir e fazer exercício juntos. Tal qual o espaço físico de
convivência, nas salas virtuais é possível fazer e tirar dúvidas e até mesmo
criar amizades;
4- Sala de aula invertida é outro espaço em que se acredita
ser o ideal para o aprendizado à distância. Mesmo com as aulas no mundo
virtual, os exercícios e provas devem ser feitos presencialmente.
5- Self-directing
learning (traduzindo; Aprendizagem auto- direção) é um processo no qual o
próprio aluno descobre as suas limitações e dificuldades. E onde o estudante
consegue criar estratégias que atendam às necessidades e expectativas.
6- Mobile learning
(aprendizagem móvel) representa uma das táticas de ensino virtual, utilizando
dispositivos móveis tais como tablets e smartphones e onde os alunos podem
levar o conteúdo da sala de aula para qualquer lugar podendo estudar em
diferentes lugares.
7- Sistema de administração de cursos também chamado de CMS,
ou seja, Course Management System
que, representa estratégia para orientar e organizar os alunos durante a
realização dos cursos online. Através
do CMS é possível mediar debates, planejar aulas e exercícios para analisar o
desempenho do discente;
8- E-learning ou eletronic learning (aprendizado
eletrônico) que é o próprio conceito de aprender por meio de dispositivos
eletrônicos conectados ou não à internet;
9- Tecnologia 1.1 é quando o aprendizado utiliza um
computador ou tablet para cada aluno
e, alguns docentes acreditam que representa a única forma de se obter efeitos
eficazes com o uso da tecnologia tal qual acontece com a referência
bibliográfica ou mesmo com acervo físico.
10- Gamification ou gamificação (a palavra deriva de game que em inglês
significa jogo) é uma das maiores tendências da educação contemporânea posto
que transforme a aula tão interessante como um jogo;
11- Recursos educacionais abertos ou Open Educational Resources
que são conteúdos intelectuais que estão livres para o uso público;
12-Digital Citizenship ou
cidadania digital. Esse conceito se refere à ética e atitudes apropriadas no
meio digital. Enfim pretende ensinar que é importante ser um cidadão no mundo
virtual.
Concluímos que uma sala de aula composta normalmente com
carteiras enfileiradas diante de um quadro negro está com os dias contados.
Pois com a inserção de novas tecnológicas digitais na sala de aula há um novo
desafio para a escola e para o professor.
E que corresponde a formular projeto pedagógico que contemple
tais inovações tecnológicas e o incentivo a interatividade dos alunos.
Sem dúvida, é momento emblemático para o docente, pois o
modelo de ensino em que aprendeu e viveu, e era baseado no poder que este
representava na sala de aula tão peculiar a uma sociedade mais passiva do que
temos hoje.
Afinal, os docentes terão que se reinventar pois não podem
mais insistir em ser a figura autoritária, este educador deve ser capaz de
aprender com os educandos e, ainda admitir que não tem todas as respostas.
Mas, há muitos questionamentos a propor para se aprofundar a
reflexão e o processo de aprendizagem.
O americano Marc
Prensy um dos mais conceituados consultores educacionais dos EUA e designer
de jogos interativos afirma ser necessária uma nova relação entre professor e
aluno, baseada na parceria e no diálogo, mas pautada no respeito e na dignidade
humana.
Pois ao você aproveitar as habilidades[10] e
exercer novas competências nos discentes e o professor, por sua vez, volta
firmar-se como orientador e mediador para promover reflexões, avaliar o
comprometimento dos alunos a fim de propiciar que aprendam por seus próprios
caminhos e usando de sua criatividade.
Enfim, é uma nova pedagogia, é bem mais que uma educação para
o futuro.
É uma educação para sempre, comprometida com o pleno
desenvolvimento humano, com a cidadania, e preparação para o mercado laboral e,
ainda, capaz de prover mais fácil sobrevivência introduzindo educação
emocional, despertando a percepção para a educação ambiental, cívica, política
e, principalmente para a formação e o respeito aos valores éticos relevantes
capazes de endossar a tolerância com as diversidades e de promover finalmente a
paz.
Observação:
Antes de finalmente terminar o modesto texto gostaria de
deixar registrado meu profundo e sincero agradecimento a todos meus alunos, mas
especialmente a:
Camila Nascimento
Dantas, Abel Arantes da Silveira, Jefferson Fabre, Ingrid Ribeiro Nascimento
Cardoso, Maria de Lourdes Loureira Araújo Lima, Andréa Lima de Carvalho, Daniel
Kohler, Hudson Pereira da Silva, José Adilson Lima de Souza, Marcos Antonio de
Jesus, Nízia Tavares, Oziel Menezes de Lemos, Roberto Carlos Neves, Simone
Lima, Ricardo Alves de Moraes, Suzy Aguiar, Vander Costa Ferreira e Vinicius de
Vasconcelos Fernandes, por compreenderem e
aceitarem o meu estilo e minha forma de ensinar a aprender e de aprender para
ensinar.
Referências:
FEY, Ademar Felipe. A linguagem na interação professor-aluno
na era digital: considerações teóricas.
Disponível em: http://tecnologiasnaeducacao.pro.br/wp-content/uploads/2011/06/A-linguagem-na-intera%C3%A7%C3%A3o-professor-aluno-na-era-digital-Considera%C3%A7%C3%B5es-te%C3%B3ricas.pdf Acesso em: 01/02/2015.
ARAÚJO, Rodolfo. Ser resiliente já era, seja antifrágil.
Disponível em: http://www.administradores.com.br/artigos/carreira/ser-resiliente-ja-era-seja-antifragil/84136/ Acesso em: 01/02/2015.
PEREIRA, Patrícia. Educação para o futuro. Disponível: http://revistaescolapublica.uol.com.br/textos/36/educacao-para-o-futuro-302282-1.asp Acesso em: 01/02/2015.
TOPO, Danilo. Didática Tradicional X Didática Contemporânea.
Disponível em: http://daniloedf.blogspot.com.br/2012/06/didatica-tradicional-x-didatica.html Acesso em: 01/02/2015.
PRENSKY,
Marc. Digital Natives, Digital
Immigrants, Part II: Do They Really Think Differently? (MCB University
Press, Vol. 9 No. 6). 2001. Disponível em: http://www.marcprensky.com/writing/Prensky%20-%20Digital%20Natives,%20Digital%20Immigrants%20-%20Part2.pdf Acesso em: 01/02/2015.
[1]
O governo brasileiro em 2011 anunciou ambicioso programa para levar uma espécie
de banda larga popular para a maioria da população, é o Plano Nacional de Banda
Larga ou PNBL que pretende massificar a internet
até2013 quando o Brasil sediou a Copa do Mundo de futebol o que não ocorrera
efetivamente. As operadoras fixas como Oi, Telefônica, CTBC e Sercomtel foram
as primeiras a aderir ao plano. Do lado da telefonia móvel, a TIM anunciou que
levará a banda larga 3G para até 1.000 (um mil) municípios até o fim de 2012. A
gestão do referido programa está a cargo da Telebrás, estatal de telecomunicações.
E, por esse acordo, nos lugares onde as operadoras não tiverem interesses em
oferecer uma conexão mais rápida, deverão alugar a capacidade suas centrais para
terceiros, sem lucrar com isso. O Brasil aparece no 97º lugar do ranking numa lista de 167 países
publicados pela União Internacional de Telecomunicações. Nos EUA, o valor da
banda larga é dezenove dólares. A diferença é que a velocidade média da conexão
nos outros países é maior. Quando se considera o preço por megabytes por
segundo, nossa banda larga é uma das mais caras, principalmente fora do
Sudeste.
[2]
O Brasil caiu, pela terceira vez consecutiva, no ranking de velocidade média de conexões de internet divulgadas pela empresa de internet americana Akamai. Segundo o estudo publicado nesta terça-feira,
os brasileiros acessaram a internet
com uma velocidade de 2,7 megabits
por segundo (Mbps) no 3º trimestre de 2013. O resultado coloca o país na 84ª
posição do ranking, que considerou 140 países. No 1º trimestre de 2010, o
Brasil estava no 73º lugar. Com esta velocidade média, o Brasil fica atrás de
países como a Turquia (4 Mbps), Cazaquistão (3,5 Mbps) e Iraque (3,1 Mbps).
A posição do Brasil também é
pior que a da maioria dos vizinhos da América do Sul que foram analisados no
estudo. O Equador, país latino-americano com melhor posição no ranking global, registrou velocidade média
de 3,6 Mbps no período. Chile, Colômbia e Argentina também têm conexões de internet mais velozes que o Brasil.
[3]
Além das conexões de banda larga fixa, a Akamai também estuda a velocidade da internet móvel (ou seja, a internet nos celulares e smartphones) no Brasil. Segundo o relatório,
que considera os acessos por meio de redes 3G e 4G, os brasileiros acessaram a web no celular com velocidade média de
apenas 1,7 Mbps no terceiro trimestre de 2013. Embora seja baixa, a velocidade
média coloca o Brasil na liderança entre os países da América Latina, junto com
Chile e Uruguai.
[4]
É natural que os discentes saibam mais sobre as tecnologias digitais que os
docentes. Pois afinal na maioria eles são nativos digitais enquanto que os
professores são imigrantes digitais. O que deve haver é a abertura para a
reciclagem e nova aprendizagem. Em
outras palavras, necessitamos (re)aprender a aprender e, mais ainda,
(re)aprender a ensinar (grifo meu).
[5]
A didática contemporânea enxerga o aluno como sujeito do processo de ensino
aprendizagem e que o professor deve oferecer as propícias condições para melhor
estimular o interesse dos discentes e sua interação neste processo, onde também
colabora na construção do conhecimento. Esta parte do princípio de que o aluno é
centro da escola em torno da qual se desenvolvem os programas curriculares e a
atividade primacial do docente é ser orientador do processo educativo. Na didática
contemporânea são valorizados os princípios da liberdade, da individualidade e
da construção coletiva. A avaliação é de natureza qualitativa, valorizando a
participação ativa dos alunos e seu crescimento individual dentro do processo
de construção da sua aprendizagem. Mas em verdade o eixo principal do
ensino-aprendizagem reside na interação e no diálogo entre discente e docente,
e não num sujeito e nem em outro.
[6]
Cumpre definirmos o que os termos "nativo digital" e o
"imigrante digital" significam: O imigrante digital segundo Marc Prensky é o indivíduo que nasceu
numa época onde a Internet não era utilizada em massa conforme ocorre
atualmente. Podemos pressupor que a maioria dos professores está sinceramente
incluída nessa categoria de indivíduos. Salvo algumas exceções, poucos
professores possuem intimidade com as tecnologias digitais e alguns até podem
ter ressalvas, ou até mesmo serem contrários, ao seu uso no ambiente educativo. Por outro lado, o nativo digital é aquele que
já nasceu em plena era da Internet. Nesse caso, em sua grande maioria, possui
franca intimidade em manuseio e interação com tecnologia digital que lhe rodeia
e realiza a mediação entre ele, o indivíduo e a sociedade onde vive.
[7]
Precisamos nós, professores, deixar de ser os meros imigrantes digitais para
nos tornarmos migrantes digitais, se inserindo gradualmente e definitivamente
nessa nova cultura digital, na didática contemporânea e apropriando-se do conhecimento
necessário para o bom uso e aplicação da tecnologia da educação. É preciso
lembrar que o processo da linguagem ocorre na interação entre o EU e o OUTRO e
quanto maior o número de interlocutores inseridos no mesmo contexto
sociocultural, maior facilidade haverá no processo comunicativo e na construção
coletiva do conhecimento.
[8]
Infelizmente a internet brasileira
padece de dois males distintos. O primeiro refere-se a sua tímida escala. Os
brasileiros são tipos como campeões de redes sociais. Uma pesquisa realizada
pelo instituto IBOPE Nielsen de 2011 mostra que nós somos o povo que mais passa
horas diante do computador e conectados à internet.
A média do brasileiro é de quarenta e cinco horas mensais. Logo depois estão a
Inglaterra e Estados Unidos, com uma média de 43 e 40 horas de conexão por mês,
respectivamente. Também representamos o país que mais utiliza as redes sociais,
na ordem de noventa por cento de nossos internautas está no facebook, twitter, msn, google plus e sites similares. Esse sucesso,
contudo, é tremendamente ilusório. Reflete o uso intenso de uma minoria com
acesso à internet. Pois apenas 20% da
população brasileira tem acesso aos serviços debanda larga.
[9]
O Programa Banda Larga nas Escolas (PBLE) tem como objetivo conectar todas as
escolas públicas urbanas à internet,
rede mundial de computadores, por meio de tecnologias que propiciem qualidades,
velocidade e serviços para incrementar o ensino público no país. São as leis
que regem e norteiam o Programa Banda Larga nas Escolas: Decreto nº 2.592
(Aprova o Plano Geral de Metas para a Universalização do Serviço Telefônico
Fixo Comutado Prestado No Regime Publico - PGMU). Decreto nº 4.769 (Revoga alínea
“b” do inciso II do art. 7º do Plano Geral de Metas para a Universalização do Serviço
Telefônico Fixo Comutado Prestado no Regime Público – PGMU) Decreto nº 6.424
(Altera e acresce dispositivos ao Anexo do Decreto nº 4.769). Vide a cartilha:
http://esr.rnp.br/leitura/redes
[10]
Recentemente bem definiu uma nova habilidade que é de ser antifrágil conforme
esclarece Nassim Taleb (que define o que melhora e se
torna mais forte conforme recebe as pressões externas do ambiente). O antifrágil
é identificável com o sistema imunológico. Se frágil é aquilo que piora quando
submetido a alguma força externa. O seu antônimo deveria melhorar em circunstâncias
iguais. Antifrágil que melhora e se torna mais forte. Assim é aquilo que
resiste às agressões externas e as utiliza para melhorar a sua estrutura.
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